A Proposta de Emenda Constitucional conhecida como “PEC 6x1” tem gerado intenso debate em diversos setores da economia. Como presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção de Mato Grosso, acredito ser fundamental alertar sobre os efeitos que essa medida pode ter no nosso segmento e, principalmente, no mercado de trabalho brasileiro.
O setor de materiais de construção é um dos pilares da economia nacional, gerando milhares de empregos diretos e indiretos. No entanto, a implementação dessa PEC pode agravar problemas estruturais, como o aumento do desemprego e da falta de mão de obra qualificada, além de comprometer o desenvolvimento econômico sustentável.
Nosso setor é composto majoritariamente por pequenos e médios empresários, que já enfrentam desafios como a alta carga tributária e margens de lucro extremamente apertadas. A PEC 6x1, ao impor novas mudanças econômicas, será um fator a mais de desestabilização dessas empresas, levando muitas a reduzir suas equipes ou até mesmo fechar as portas.
O resultado seria um aumento significativo do desemprego, impactando não apenas as famílias que dependem diretamente desses empregos, mas também o consumo e as economias locais, criando um efeito cascata que se refletiria em toda a cadeia produtiva.
De imediato, a incerteza gerada pela proposta tende a desestimular investimentos em infraestrutura e reformas, reduzindo a demanda por materiais de construção — outro duro golpe para o setor.
Há anos enfrentamos a dificuldade de encontrar profissionais qualificados. Esse cenário pode se agravar caso a instabilidade econômica afaste trabalhadores do nosso setor ou desestimule a busca por qualificação técnica.
A falta de mão de obra qualificada não só limita o crescimento das empresas, como compromete a competitividade do setor no médio e longo prazos. Precisamos de políticas que atraiam talentos e fomentem a capacitação, em vez de afastá-los.
É fundamental que os legisladores analisem a fundo os reais impactos da PEC 6x1 nos setores produtivos e na sociedade como um todo. Precisamos de medidas que promovam o crescimento econômico, estimulem a geração de empregos e fortaleçam as empresas, especialmente as pequenas e médias, que são a base da nossa economia.
Como representante do setor de materiais de construção, peço diálogo. Precisamos construir soluções equilibradas, que atendam às necessidades fiscais do país sem sacrificar empregos e empresas. O desenvolvimento econômico sustentável deve ser a prioridade.
O Brasil precisa de estabilidade e políticas que incentivem o progresso, não medidas que nos façam retroceder. Que possamos, juntos, criar um caminho que beneficie os trabalhadores, os empreendedores e o futuro da nossa economia.
LUCIMAR TRINDADE BIGOLIN é empresária e presidente da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção de Mato Grosso (Acomac-MT)